segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Desigualdade das riquezas.













A desigualdade das riquezas é um dos problemas que inutilmente se procurará resolver, desde que se considere apenas a vida atual. Por que não são igualmente ricos todos os homens? Não o são por uma razão muito simples: “Por não serem igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para adquirir, nem sóbrios e previdentes para conservar.”

É aliás, ponto matematicamente demonstrado que a riqueza, repartida com igualdade, a cada um daria uma parcela mínima e insuficiente, que supondo efetuada essa repartição, o equilíbrio em pouco tempo estaria desfeito, e o resultado poderia ser o aniquilamento de todos os grandes trabalhos que concorrem para o progresso e para o bem estar da humanidade e tendo cada um o necessário, a motivação que impele os homens às descobertas e empreendimentos úteis, deixariam de existir.

Por que Deus concede as riquezas a pessoas que são incapazes de fazê-la frutificar para o bem de todos? A sabedoria de Deus deu ao homem o livre-arbítrio, para que distinguisse o bem do mal. A riqueza é um meio de o experimentar moralmente, ao mesmo tempo, é poderoso meio de ação para o progresso, não quer Deus que ela permaneça longo tempo improdutiva e a desloca incessantemente, e cada um tem de possuí-la, utiliza-la, e demonstrar que sabe fazer uso dela, entretanto, sendo materialmente impossível que todos, ao mesmo tempo, a possuam, pois assim sendo, ninguém trabalharia, comprometendo o melhoramento do planeta. Assim um que não tem hoje, já a teve ou terá noutra existência; outro, que agora tem, talvez não atenha amanhã.

Há ricos e pobres, porque sendo Deus justo, como é, a cada um prescreve trabalhar a seu turno. A pobreza é, para os que a sofrem, a prova da paciência e da resignação; a riqueza é, para os outros, a prova da caridade e da abnegação.

Deploram-se, com razão, o péssimo uso que alguns fazem das suas riquezas, as ignóbeis paixões que a cobiça provoca, e pergunta-se: Deus será justo dando-as a tais criaturas?

É exato que se o homem tivesse uma única existência, nada justificaria semelhante repartição dos bens da Terra, se, entretanto, se não tivermos em vista apenas a vida atual e, ao contrário, considerarmos o conjunto das existências, veremos que tudo se equilibra com justiça. Carece pois, o pobre de motivo para assim acusar a Providência, como para invejar os ricos e estes para glorificarem do que possuem.

Se abusam, não será com decretos ou leis suntuárias que se remediará o mal. As leis podem, de momento, mudar o exterior, mas não logram mudar o coração. A origem do mal reside no egoísmo e no orgulho. Os abusos de toda espécie cessarão quando os homens se regerem pela lei da caridade.

Texto pinçado do livro: Evangelho segundo o Espiritismo – Allan Kardec
Foto ilustrativa

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