A figueira que secou é o símbolo dos
que apenas aparentam propensão para o bem,mas que, em realidade, nada de bom
produzem; dos oradores que mais brilho têm do que solidez, cujas palavras trazem
superficial verniz, de sorte que agradam aos ouvidos, sem que, entretanto,
revelem, quando perscrutadas, algo de substancial para os corações.
E de perguntar-se que proveito tiraram delas
os que as escutaram. Simboliza também todos aqueles que, tendo meios de ser
úteis, não o são; todas as utopias, todos os sistemas ocos, todas as doutrinas
carentes de base sólida. O que as mais das vezes falta é a verdadeira fé, a fé
produtiva, a fé que abala as fibras do coração, a fé, numa palavra. que
transporta montanhas. São árvores cobertas de folhas porém, baldas de frutos.
Por isso é que Jesus as condena à
esterilidade, porquanto dia virá em que se acharão secas até à raiz. Quer dizer
que todos os sistemas, todas as doutrinas que nenhum bem para a Humanidade
houverem produzido, cairão reduzidas a nada; que todos os homens deliberadamente
inúteis, por não terem posto em ação os recursos que traziam consigo, serão tratados
como a figueira que secou.
Os médiuns são os intérpretes dos
Espíritos; suprem, nestes últimos, a falta de órgãos materiais pelos quais
transmitam suas instruções. Daí vem o serem dotados de faculdades para esse
efeito. Nos tempos atuais, de renovação social, cabe-lhes uma missão especialíssima;
são árvores destinadas a fornecer alimento espiritual a seus irmãos; multiplicam-se
em número, para que abunde o alimento; há-os por toda a parte, em todos os países
em todas as classes da sociedade, entre os ricos e os pobres, entre os grandes
e os pequenos, a fim de que em nenhum ponto faltem e a fim de ficar demonstrado
aos homens que todos são chamados.
Se porém, eles desviam do objetivo
providencial a preciosa faculdade que lhes foi concedida, se a empregam em
coisas fúteis ou prejudiciais, se a põem a serviço dos interesses mundanos, se
em vez de frutos sazonados dão maus frutos se recusam a utilizá-la em beneficio
dos outros, se nenhum proveito tiram dela para si mesmos, melhorando-se, são quais
a figueira estéril. Deus lhes retirará um dom que se tornou inútil neles: a
semente que não sabem fazer que frutifique, e consentirá que se tornem presas
dos Espíritos maus.
Texto pinçado do livro "Evangelho
segundo o Espiritismo" (Allan Kardec)
Foto Ilustrativa