O carro deslizava celeremente sobre o asfalto da estrada que conduzia à fazenda. Amanhecia e os primeiros raios douravam os campos e as árvores que corriam ante a janela do veículo... Gosto de refletir, de pensar na vida enquanto viajo...
Nesta última viagem, quedei-me em recordações e pensamentos distanciando-me da realidade... O pensamento leva-me a lugares distantes, quando deparei comigo mesma estava preparando uma estranha bagagem... Era uma pequena valise e eu procurava acomodar meus pertences com extremo cuidado. Pensava “Não terei que levar muita coisa essa mala pequena vai dar”.
Sabia que deveria colocar no fundo da mala os objetos que seriam usados por último e assim comecei a relacionar o que eu deveria levar: primeiramente coloquei no fundo as recordações de minha existência, das pessoas, dos lugares que influenciaram a minha vida... uma certa nostalgia envolveu-me, enquanto as colocava carinhosamente, preenchendo bem os espaços em que as comprimia suavemente.
Depois coloquei meus gestos espontâneos de bondade, de perdão, de generosidade... Mas, quase não ocupavam lugar... Eram tão leves e tão pequenos! A seguir fui colocando em caixas catalogadas, o conhecimento, as coisas que aprendi, os valores intelectuais que me ajudaram a compreender a vida, as lições valiosas da doutrina espírita, tesouro que norteou meus passos...
Depois fui colocando os sentimentos, as virtudes já conquistadas e notei que eles preenchiam os espaços vazios entre os outros objetos colocados... Eram poucos, mas procurei colocá-los em ordem.
Observei que a bagagem estava quase completa e comecei a pensar no que poderia estar faltando, quando me lembrei da gratidão... Ah! a gratidão, esse sentimento nobre, mas tão esquecido!...Como eu não me lembrava dela? Censurei-me. Era tão frágil e rara que a acondicionei em pequena caixa de veludo, macia e perfumada, que eu ganhara de uma inesquecível amiga...
“Pronto. Parece que a bagagem está completa”, pensei.
Raciocinei comigo mesma: “ Esses valores eu podereis levar nesta pequena valise que me acompanhará até meu destino final. Serão úteis e agradáveis. Mas como levarei os valores negativos? Pesam tanto e são tão difíceis de serem carregados... Aliás, não gosto nem de mencioná-los. Mas fazem parte da minha vida e, certamente, deverão acompanhar-me também. Entretanto, por serem mais pesados poderão ser enviados separadamente e chegarão primeiro.
Já estão devidamente catalogados pela Contabilidade Divina e terei, forçosamente, que responder por eles...”. Esse pensamento me inquietava um pouco... De repente, voltei à realidade.
Raciocinei comigo mesma: “ Esses valores eu podereis levar nesta pequena valise que me acompanhará até meu destino final. Serão úteis e agradáveis. Mas como levarei os valores negativos? Pesam tanto e são tão difíceis de serem carregados... Aliás, não gosto nem de mencioná-los. Mas fazem parte da minha vida e, certamente, deverão acompanhar-me também. Entretanto, por serem mais pesados poderão ser enviados separadamente e chegarão primeiro.
Já estão devidamente catalogados pela Contabilidade Divina e terei, forçosamente, que responder por eles...”. Esse pensamento me inquietava um pouco... De repente, voltei à realidade.
A viagem na vida real terminara.
O carro parou. Desço, ainda, sob forte impressão de que eu deveria acertar melhor meu preparativos desta “viagem” para outra dimensão da vida, principalmente, cuidar melhor da bagagem que a mala grande levaria, cujo peso seria insuportável e o constrangimento maior ainda, dependendo de meu esforço aliviá-los enquanto é tempo...
Você já se deu conta de que somos responsáveis pelos atos e pela nossa acolhida no mundo espiritual?
Já está preparando sua bagagem?
Tenho pensado muito nas coisas que poderei levar e lutado bastante para modificar o peso da mala grande, porque sei que valerá a pena todo o empenho e todo o sacrifício para diminuir seu conteúdo negativo.
Joanna de Angelis nos ensina que:
Durante a existência orgânica o Espírito avança a cada momento para... desenlace material, por cujo meio desenvolve todas as aptidões que lhe estão em latência.
É compreensível e necessário que o ser inteligente reserve tempo para a reflexão em torno desse fatalismo inexorável. Postergar a meditação a seu respeito, por medo ou ilusão materialista, oculta imaturidade psicológica que o tempo descaracterizará.
A doutrina Espírita nos ensina a compreender melhor os valores da existência e na busca do aprimoramento moral, passamos a viver mais intensamente todos os instantes, a aproveitar todas as oportunidades de crescimento espiritual.
Refletindo em torno da morte, nesta viagem que todos empreenderemos um dia, devemos evitar o desconforto que o medo e a incerteza propiciam... O principal é seguir vivendo o melhor possível a cada dia, na certeza de que a vida prossegue vibrando na outra dimensão existencial.
E a Benfeitora espiritual Joanna ensina:
Pensando-se na morte, ao invés de supô-la como devastação e sombra, deve-se considerá-la como harmonia e luz, que são as naturais conseqüências da luta evolutiva.
A vitória sobre a morte é inevitável, tendo-se em vista a próprio
fluxo da vida!
Texto do Livro - Recados de Amor- Luci Dias Ramos
(Foto ilustrativa)
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