sábado, 27 de novembro de 2010

Filhos, se não tê-los como sabê-los?


Sinais dos tempos e têm ocorrido envolvendo nossos jovens nos dias atuais, todos ligados à agressividade, preconceito e violência. Casos recentes contra homossexuais, menos recentes contra a doméstica a qual eles alegaram que ela era prostituta, mais antigo, o caso do índio Galdino, o pataxó queimado vivo em Brasília, todos com fatores importantes em comum: 1- todos sem punição terrena; 2- todos cometidos por filhos de classe média, de pais esclarecidos e bem postados financeiramente; 3- crianças de lares abastados onde de tudo possuem, nada lhes falta. Não que se concorde, porém se ao menos pudéssemos dizer que se tratava de pessoas excluídas e necessitadas, movidas pela fome e pela necessidade de extravasar suas angústias, estaria aí a “motivação” para tais comportamentos indesculpáveis, porém não foi o que ocorreu!

A ingratidão dos filhos e os laços de família.

“Por fim, após anos de meditações e preces, o Espírito se aproveita de um corpo em preparo na família daquele a quem detestou, e pede aos Espíritos incumbidos de transmitir as ordens superiores permissão para ir preencher na Terra os destinos daquele corpo que acaba de formar-se”.

Qual será o seu procedimento na família escolhida?

Dependerá da sua maior ou menor persistência nas boas resoluções que tomou. O incessante contato com seres a quem odiou constitui prova terrível, sob a qual não raro sucumbe, se não tem ainda bastante forte a vontade. Assim, conforme prevaleça ou não a resolução boa, ele será o amigo ou inimigo daqueles entre os quais foi chamado a viver. É como se explicam esses ódios, essas repulsões instintivas que se notam da parte de certas crianças e que parecem injustificáveis. Nada, com efeito, naquela existência há podido provocar semelhante antipatia; para se lhe apreender a causa, necessário se torna volver o olhar ao passado.

Ó espíritas! Compreendei agora o grande papel da Humanidade; compreendei que, quando produzis um novo corpo, a alma que nele encarna vem do espaço para progredir; interai-vos dos vossos deveres e ponde todo o vosso amor em aproximar de Deus essa alma; tal a missão que vos esta confiada e cuja recompensa recebereis, se fielmente a cumprirdes. O vosso cuidado e a educação que lhe dareis auxiliarão o seu aperfeiçoamento e o seu bem-estar futuro. Lembrai-vos que a cada pai e a cada mãe perguntará Deus: Que fizeste do filho confiado a vossa guarda? Se por culpa vossa ele se conservou atrasado, tereis como castigo vê-lo entre os espíritos sofredores, quando de vos dependia que fosse ditoso. Então, vós mesmos, assediados de remorsos, pedireis vos seja concedido reparar a vossa falta; solicitareis, para vos e para ele, outra encarnação em que os cerqueis de melhores cuidados e em que ele, cheio de reconhecimento, vos retribuirá com o seu amor.

Não escorraceis, pois, a criancinha que repele sua mãe, nem a que vos paga com a ingratidão; não foi o acaso que a fez assim e que vo-la deu. Imperfeita intuição do passado se revela, do qual podeis deduzir que um ou outro já odiou muito, ou foi muito ofendido; que um ou outro veio para perdoar ou para expiar. Mães, abraçai o filho que vos dá desgosto e dizei convosco mesmas: Um de nós dois é culpado. Fazei-vos merecedoras dos gozos divinos que Deus conjugou à maternidade, ensinando aos vossos filhos que eles estão na Terra para se aperfeiçoar, amar e bendizer. Mas oh! Muitas dentre vos em vez de eliminar por meio da educação os maus princípios inatos de existências anteriores, entretêm e desenvolvem esses princípios, por uma culposa fraqueza, ou por descuido, e, mais tarde, o vosso coração, ulcerado pela ingratidão dos vossos filhos, será para vós, já nesta vida, um começo de expiação.

Desde pequenina, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz da sua existência anterior. A estudá-los devem os pais aplicar-se. Todos os males se originam do egoísmo e do orgulho. Espreitem, pois, os pais os menores indícios reveladores do gérmen de tais vícios e cuidem de combatê-los, sem esperar que lancem raízes profundas. Façam como o bom jardineiro, que corta os rebentos defeituosos à medida que o vê aprontar na árvore. Se deixarem que desenvolvam o egoísmo e o orgulho, não se espantem se serem m ais tarde pagos coma ingratidão. Quando os pais hão de ter feito tudo pelo adiantamento moral de seus filhos, se não alcançam êxito, não têm de que se inculpar a si mesmos e podem conservar tranqüila a consciência. Deus reserva grande e imensa consolação, na certeza de que se trata apenas de um retardamento, que concedido lhes será concluir noutra existência a obra agora começada e que um dia o filho ingrato os recompensará com seu amor.

Texto pinçado do livro “O Evangelho” (Allan Kardec)
Foto ilustrativa

Nenhum comentário:

Postar um comentário